Sou eu na foto!

Muitos dizem que sou especial,
eu própria me acho sem igual.
(Antonia S. Indrusiak)
Mas a verdade é que minha família me fez assim porque é diferente das outras que se encontra por aí.
As formas como meus pais se conheceram já direcionou de alguma forma o meu futuro. Foi em São Paulo, numa exposição do artista austríaco Hundertwasser. Eles estavam assim, indo pra um curso, de trabalho, e num intervalo resolveram fazer alguma coisa, foi aí que descobriram que tinham algo em comum. Depois de alguns anos namorando eles casaram e logo fui a primeira filha (mais tarde vieram mais duas).
Este começo foi importante, pois era preciso demonstrar o quando meus pais são engenheiros excêntricos. Tive uma educação cultural muito diversificada. Minha mãe não podia ouvir falar em peças de teatro que já estava nos levando para ver, sem contar que quando ela saia para trabalhar nos deixava aos cuidados de uma governanta muito dedicada que organizava oficinas de arte na nossa casa, para nós e alguns convidados. Mais tarde ela foi para a Terreira da Tribo onde continuou fazendo oficina de teatro nas quais sempre estávamos lá.
Veio um tempo em que minha mão descobriu o Projeto Prelúdio da UFRGS, mas disto eu só fiquei sabendo pelas minhas irmãs que estavam lá. Como eu não entrei, fui colocada na Escolhinha de Artes da UFRGS.
Sim, minha mãe estava obcecada pela idéia de que tínhamos que fazer vestibular na UFRGS, pois  ela não poderiam pagar universidade particular para todas nós, então todo mundo iria para a pública.
Minha escolha por artes teve em conta todos os fatores acima, mais alguns fatos que tomei consciência na escola. Nunca fui ótima aluna, quando eu conseguia nota oito era minha felicidade, dez então era a gloria. Isto me ajudou a pensar no que eu realmente era boa e naquilo que eu gostava.
ARTES
Quando entrei no Instituto de Artes, mais uma questão para pensar;
Me perguntaram qual ênfase eu teria no curso, e eu tinha que escolher logo. Sinceramente eu pensei, por que não licenciatura........ Mas;
Nem podia me imaginar sendo notada de alguma forma que eu já ficava vermelha como um tomate morrendo de vergonha.
Então, bacharelado, vou tentar ser artista, afinal no meu primeiro semestre achei uma turma legal que queria trabalhar junto, ser um coletivo de artistas. Isto reluziu no meu caminho e me maravilhou com o futuro.
Foi como um casamento, à primeira vista, começamos a pensar juntos,  e trabalhamos em muitos projetos, tínhamos conseguido até um ateliê para alojar nossas idéias e compartilhar nossas vidas.
Tudo estava indo bem, éramos felizes juntos. Até que....
Veio a desilusão, não conseguiamos mais ter um trabalho coeso, como um grupo, também não conseguíamos mais conversar sobre isso. Cada um começou a desviar para suas questões pessoais nas artes plásticas. Aos poucos cada um foi se formando na faculdade de artes. Muitos resolveram seguir outro caminho.
Claro que outras pessoas vieram para o grupo, mas o mundo das artes já tinha nos corrompido. Éramos somente artistas no mesmo espaço.  O cruel e aniquilante mercado de arte acabaou com o casamento que pensávamos ser para toda vida.
Eu detesto trabalhar sozinha, sem ter alguém para dividir meus conhecimentos, e para tagarelar ao acaso, o mundo individualizante da universidade nos separou.
Tentei ser artista, ter um ateliê, mas sozinha fechada lá dentro, na solidão dos meus pensamentos sem ter com quem estabelecer trocas. Não dava para continuar.
Por sorte eu ainda estava ligada a universidade e pude achar minha salvação justamente na mão que havia estraçalhado minhas esperanças de outrora.
LICENCIATURA
Por que não!?
Pelo menos eu estaria trabalhando com outras pessoa, efetuando trocas. Meio sem muita convicção pois meu medo de chamar atenção ainda existia um pouco eu fui galgando estes degraus acreditando que podiam me salvar.
A gloria foi quando fiz minha aula obrigatória de teatro, e experienciei o palco. E convivi com os atores. Foram eles que me salvaram, pois percebi que não tinha nada a perder e se os outros vissem isto problema deles.
Eu estou liberta. Para desespero de algumas pessoas que andam por aí comigo. Pois agora não tenho mais medo de ser notada, é até bom quando as pessoas percebem o meu brilho.
E por falar em brilho eu pensei, já que adoro costurar, tricotar e inventar roupas porque não fazer um curso de moda. 
E lá fui eu mais uma vez, aprendi o mais importante da profissão Moda. A modelagem foi pra mim um novo horizonte, eu nem queria fazer coleção com todos os tramites para efetua-la mas só fazer roupas. Talvez um dia eu faça uma loja.
Mas isto é segunda opção, agora Licenciatura.
E assim vou ser professora por que alem de tudo tenho possibilidades de sonhar com um mundo melhor, e posso acreditar que a educação é um instrumento de mudança.