Logo que eu entrei na faculdade tive aula com a professora Jane Milman, que propôs uma atividade a partir do auto retrato. Nós desenhava-mos sobre um tecido com elasticidade, usando grafite claro, o material mais popular do desenho. Foi muito legal pois aquilo envolveu toda a turma num único trabalho. Quando eu falo que encontrei um grupo bacana, afim de trabalhar junto, foi lá que isto começou. Foi assim que começamos e nos estabelecer como grupo conhecido por alguns como DeFormando.
E nós começamos a fazer auto retratos a depois inventava-mos um jeito de deformar as imagens de nós mesmos.
Este aí foi o meu primeiro auto retrato, pois que eu me lembre não tenho registro de ter feito algum outro antes desse. Depois de fazermos isto, nós esticava-mos o tecido e puxava-mos, presionava-mos objetos contra ele e deformava-mos, tudo sendo filmado.
O que resultou na nossa primeira exposição no Espaço Ado Malagoli no Instituto de Artes da UFRGS.
Nós gostamos tanto do projeto que alguns do grupo se reuniram para continuar pesquisando e inventando aí surgiram outras histórias, como uma performance onde alguém se colocava embaixo da tela que ia ser pintada e os outros pintavam sobre a tela, claro que sempre o que se pintava estava relacionado com a pessoa embaixo pois não era tão fácil assim abstrair que tinha alguém lá, nem teria sido tão legal se tivesse sido diferente. Isto foi exposto na Galerie Bom Fim, uma galeria louquissima de duas pessoas muito legais que até se dispuseram a entrar embaixo do pano e serem retratos por nós. Pois que era uma forma de retrato o que estava-mos fazendo, um tipo de retrato cego, onde o que nos movia era o sentimento que aquela pessoa nos exaltava. Não admira que houvesse algumas brigas entre nós por termos mexido em algo doloroso para muitos, que é a imagem que passamos para os outros e que os outros fazem de nós.
Estas pinturas no fim foram leiloadas na própria galeria.
Depois dessas experiências muitas vezes traumáticas para o grupo, ocasionando até o rompimento de alguns laços entre nós. Estava-mos pois em um novo ateliê que foi uma espécie de refúgio para nos re-ergermos como grupo.
Acabamos fazendo uma outra exposição, mas já sem a unidade que marcou as primeiras manifestações.
O meu trabalho foi a partir de imagens minhas através dos anos, sobrepostas verticalmente. Formando uma mistura de todas as mins que fazem eu.
Depois dessa exposição nos expandimos em nossos universos e procuramos nossas identidades, ainda relacionadas ao trabalho conjunto. Resultando numa exposição inspirada na brincadeira de telefone sem fio, onde uma pessoa começa com uma idéia e passa para outra chegando ao fim uma coisa bem diferente da idéia inicial.
Identidade: Porto Alegre
Cidade Fantasia Onde Tudo É Possível
Não há coerencia, nem direita, nem esquerda, tampouco em cima ou em baixo.
Somente está lá, aquele agrupamento de árvores que as pessoas grandes chamam de parque.
Para mim é um mundo inteiro.
Sem preocupação com o resto que me circunda, a não ser admirá-lo.
Mais tarde venho a conhecer para que servem aqueles blocos de concreto com janelinha e portas, e me deslumbrar com os diversos mundos que podem estar escondidos dentro deles.
Descobre-se então que todos já foram crianças e não se esqueceram o quanto é possível fazer apenas voltando àquela Cidade Fantasia, que nos deslumbra desde o dia em que abrimos os olhos e demos nosso primeiro sorriso para o sol que nos acolhe.
Descobri nesta Cidade o meu mundo infantil que me pareceu mais belo do que antes, mesmo agora que tenho muitos outros mundos universos para conhecer, explorar, deslumbrar.
Antonia Sperb Indrusiak
Fevereiro e Março de 2002
Neste trabalho eu fui atrás dos meus referenciais dentro da minha cidade. Eu comecei a pensar na importancia que tinha um titulo para as obras, e qual a relação do texto no trabalho. Eu fiz um texto para este trabalho, mas não era um texto explicativo e sim complementativo.
Mas nós estávamos conhecendo o mundo e o mercado de arte, e tivemos a idéia de fazermos no nosso ateliê uma galeria. Foi o fim de grupo DeFormando e o inicio de uma nova era para nós. Por que ter uma galeria requer conhecimentos comerciais, coisa que eu particularmente não tenho. Assim nasceu a Galeria de mArte, de uma brincadeira com m Arte.
A galeria foi regida por alguns mais aptos para a coisa mas a medida que estes foram saindo o espaço foi morrendo até que depois de 8 anos, fechou definitivamente as portas.
Mas tivemos ainda uma exposição de auto retratos, desta vez abrimos para outros artistas que quisessem participar.
Nesta exposição eu então pensei, pô todo mundo vai querer expor sua cara por aqui. Eu então, lembrando de uma frase que tinha lido: "Quem põem a bunda em Caras, não põem a cara em Bundas". A revista em questão se chamava Bundas e fazia uma critica satírica a outra revista de fofocas das celebridades chamada Caras.
Então eu pensei vou fazer uma bunda, nem precisa ser a minha própria pois até nem acho ela grande coisa, pode ser uma bunda das minhas idéias.
E não é que eu estava certa, só tinha a minha bunda no meio de muitas caras. Dava até pra fazer uma frase
"Quem põem a bunda em mArte, não põem a cara em arte".
Bah! Muito infame essa mas saiu assim sem pé nem cabeça e com o pé quebrado ainda por cima.